Dra Caroline Cignachi Grazziotin

Nem todo esquecimento significa Alzheimer ou outras demências. Mas quando devo investigar?

alzheimer

O que é a doença de Alzheimer?

Descrita pelo alemão Alois Alzheimer em 1906, é uma doença degenerativa do cérebro que leva a perda progressiva das funções cognitivas (memória, linguagem, raciocínio, juízo crítico, percepção), fazendo com que o paciente perca sua funcionalidade e autonomia, tornando-o dependente para realização de atividades diárias.

Acredita-se que existam no mundo cerca de 35,6 milhões de pessoas com Alzheimer. Estima-se que no Brasil há cerca de 1,2 milhão de casos, sendo a maioria ainda sem diagnóstico.

O que causa a doença de Alzheimer?

As causas da doença ainda não são totalmente esclarecidas pela medicina, mas sabe-se que é a combinação de diversos fatores, entre eles fatores genéticos e estilo de vida.

Entre as causas, está o acúmulo de placas de proteína beta amilóide e emaranhados neurofibrilares de proteína tau no cérebro, as quais interferem na comunicação entre os neurônios.

Existem alguns fatores de risco importantes que podem aumentar a chance do desenvolvimento da doença:

  • História familiar
  • Idade
  • Mutações genéticas
  • Sedentarismo
  • Consumo de bebida alcoólica
  • Tabagismo
  • Depressão
  • Baixa escolaridade

Os 7 principais sinais do Alzheimer

Os primeiros sinais podem ser sutis e passar despercebidos ou serem considerados “normais”para idade. São eles:

  1. Falhas na memória de curto prazo: não lembrar o que comeu ou se escovou os dentes, sair de casa e durante o trajeto esquecer o que ia fazer
  2. Repetir as mesmas perguntas ou contar com freqüência histórias repetidas
  3. Alteração de comportamento como irritabilidade, desconfiança, ansiedade, depressão, agressividade, isolamento social
  4. Dificuldade na realização de mais de uma tarefa ao mesmo tempo. Exemplo: cozinhar e conversar com outra pessoa
  5. Dificuldade para reconhecer pessoas familiares
  6. Alterações no ciclo do sono
  7. Dificuldade em encontrar palavras para nomear objetos já conhecidos

Como é feito o diagnóstico de Alzheimer?

O diagnóstico de Alzheimer é clínico, e em sua fase inicial pode ser difícil.

Embora existam muitos novos estudos promissores no uso de biomarcadores para o diagnóstico precoce, esses exames ainda não estão sendo usados de rotina por não estarem amplamente disponíveis em nosso país.

A avaliação é feita por meio de testes cognitivos como o Mini-exame do estado mental (MEEM), teste do relógio, avaliação cognitiva de Montreal (MoCA), fluência verbal, entre outros.

Podem ser solicitados exames de sangue para excluir causas reversíveis de comprometimento da memória como alterações na tireóide, deficiência de vitamina B12, sífilis, HIV, distúrbio de eletrólitos (sódio e potássio) e alteração na função dos rins.

Exames de imagem como tomografia e ressonância são indicados em alguns casos para excluir lesões como tumores, AVCs, hematomas que possam comprometer a função cognitiva.

Os estágios da doença de Alzheimer:

A doença evolui, em geral, de forma lenta e progressiva e pode de ser dividida em 3 fases:

  1. Inicial (Leve): os primeiros sinais da doença podem levar anos para se manifestarem. Nessa fase o principal sintoma é a perda de memória recente (aqui se encaixa o clássico “esquecer a panela no fogão”). Além disso, o paciente pode ter dificuldade para lembrar datas ou nomes familiares, não lembrar onde colocou objetos de uso diário, perda de concentração e mudança de humor (ansiedade, perda de interesse em atividades que antes eram prazeirosas)
  2. Moderada: caracterizado pela perda mais acentuada da memória. Dificuldade de compreensão, perda do juízo crítico (idoso se considera apto para realizar atividades além da sua capacidade), dificuldade para realizar sozinho tarefas básicas como escolher suas roupas, cozinhar, limpar ou fazer compras. Nessa fase o paciente já necessita de ajuda para se vestir, tomar banho, e limpar-se após ir ao banheiro. Pode apresentar alucinações visuais ou auditivas, agressividade e alterações do sono.
  3. Avançada (grave): nessa fase o paciente ja apresenta incontinência urinária e fecal, incapacidade de se alimentar sozinho, necessita de assistência 24 horas por dia, possui dificuldade para engolir o alimento, não reconhece familiares ou pessoas próximas. A comunicação fica seriamente prejudicada e o vocabulário fica restrito a poucas palavras. Perda da habilidade de sentar ou caminhar, ficando acamado.

Existe cura para doença de Alzheimer?

Infelizmente não existem disponíveis tratamentos curativos, porém os tratamentos medicamentosos e intervenções não medicamentosas podem diminuir a velocidade da progressão da doença, melhorando os sintomas e, assim, levando qualidade de vida para o paciente e seus familiares.

Como é feito o tratamento da doença de Alzheimer?

Intervenções não farmacológicas:

  1. Técnicas de estimulação cognitiva: jogos de memória, palavras cruzadas, caça palavras, quebra cabeças, resgate de memórias através de fotos
  2. Atividades sociais: é muito importante para cognição manter o idoso inserido no convívio da sua família e amigos
  3. Atividade física: o exercício, além de melhorar a mobilidade, coordenação e equilíbrio, proporciona sensação de bem estar
  4. Musicoterapia: a música está sendo cada vez mais usada como ferramenta para melhorar os sintomas comportamentais como agitação e humor

Tratamento farmacológico:

O tratamento medicamentoso da doença de Alzheimer tem como objetivo melhorar os sintomas comportamentais, promovendo melhor qualidade de vida para o paciente e para as pessoas do seu convívio.

Os IChE – inibidores da colinesterase (rivastigmina, galantamina, donepezila) e a memantina auxiliam no controle de sintomas cognitivos e na confusão mental, porém nao retardam a progressão da doença.

Embora existam muitos estudos promissores em curso sobre novas terapias, ainda não há medicamento curativo para a doença.

Fonte: https://www.alz.org/alzheimer_s_dementia

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